Negociação salarial, crise econômica e a choradeira patronal
Escrito por Administrator   
27-Fev-2009

No ano de 2008, o SINDESNAV conseguiu negociar todos os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho em condições razoáveis para seus representados, que resultaram na aplicação do índice, ganho real em algumas empresas e PLR na maioria delas, apesar da eterna choradeira da classe patronal.

Neste ano que se inicia, as perspectivas não são animadoras, vez que o patronato vem alicerçando seu discurso na Crise Econômica Mundial, cujos reflexos, teoricamente, em algum momento, atingirão o Brasil. Entretanto, entendemos ser este apenas mais um aditivo utilizado por eles em épocas de Negociação Salarial (database).

Quando convivíamos com a inflação, o discurso era de que em uma economia inflacionária não se poderia conceder os reajustes pedidos, face à falta de perspectivas da economia. Veio a estabilização da economia e o discurso daquela vez, novamente pessimista, se baseava na baixa do dólar e uma conseqüente possibilidade de quebra das empresas que operavam com aquela moeda. Pois bem, foi mantida a estabilidade econômica e ocorreu uma alta do dólar em patamares razoáveis.

Quando finalmente esperávamos um maior poder de barganha, surge agora a Crise Econômica, para servir de desculpa mais uma vez ao espírito contrário ao otimista, típico da classe patronal, de ver as coisas sempre pelo lado ruim e esperar, de tudo, o pior.

Tenho argumentado, no curso das negociações, que o Brasil é um país atípico e que, na realidade, sempre viveu em crise, pelo simples fato de um trabalhador receber salário mínimo de R$ 465,00 para sua sobrevivência e de seus familiares. Isso sem levar em consideração outros milhões que sobrevivem do programa bolsa família.

O empresariado não pode viver eternamente se lamentando das situações adversas que se apresentam adotando sempre uma posição de escapismo e imobilismo. É preciso ser otimista, dinâmico e competente para vencer os desafios que se impõem, ao invés de ficar choramingando e pedindo isenção de impostos para que possam lucrar cada vez mais. Em um momento de crise, é dever da classe empresarial utilizar um pouco de seus lucros acumulados nos exercícios anteriores para fazer face às suas despesas, e não ficar ameaçando com demissões para reduzir seus custos. Isso é o que se espera de administradores competentes com um mínimo de responsabilidade social.
Vale lembrar que a sobrecarga de trabalho hoje imposta aos trabalhadores é sobremaneira desumana, uma vez que empresas que demitiram funcionários continuam prestando os mesmos serviços e estão até fechando novos contratos, sem realizar novas contratações.

Diante desse quadro, o SINDESNAV já se posicionou e não negociará nenhum Acordo ou Convenção Coletivade Trabalho que não contenha pelo menos a variação do índice do período, reajuste do vale-refeição e pagamento de abono ou PLR.
Em que pese o discurso da Crise, a qual até reconhecemos em parte, o SINDESNAV continuará firme no seu propósito de só negociar em bases consideradas, no mínimo razoáveis. Caso tal fato não venha a acontecer, utilizaremos a prestação jurisdicional para deslinde da questão.
Alertamos aos nossos representados a não se iludirem com o "canto da sereia" e rogamos às nossas entidades co-irmãs a não assinarem Acordos prejudiciais aos trabalhadores, sob o argumento da garantia de emprego tão propalada, mas nunca respeitada.

 

José Silverio Cunha Garcia, Presidente

Atualizado em ( 21-Ago-2009 )